“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33).
Vencer o mundo é bem diferente de vencer no mundo.
Sendo filhos de Deus, fomos criados na simplicidade e na ignorância, tendo como objetivo e meta alcançarmos a perfeição. Isso, obviamente, por meio do livre-arbítrio e do esforço próprio, contando sempre com os mecanismos de apoio e segurança oferecidos pelo Pai Celestial.
No âmbito do código divino, não existem privilégios para ninguém. Assim, cada criatura humana colherá o fruto decorrente da semente que plantar, recebendo o reflexo de cada ação que praticar. Diante disso, não podemos ignorar a importância que precisamos dar às prioridades que elegemos para a nossa vida, pois, tendo a perfeição como meta a ser alcançada, todo o roteiro da existência terrena deverá manter esse objetivo em vista, uma vez que a paz que sonhamos e a felicidade que buscamos nascerão do equilíbrio das nossas atitudes. Portanto, nossas conquistas e vitórias neste mundo serão relevantes na medida em que nos assegurem prosperidade espiritual.
Quando Jesus afirmou que venceu o mundo, estava informando à humanidade que a verdadeira batalha a ser vencida é aquela que travamos, diariamente, contra as paixões inferiores e os arrastamentos de baixo nível, que ainda insistem em nos afastar da verdadeira felicidade.
“Os tempos são chegados – sim, são chegados – para que tenhamos a mais absoluta convicção de que os valores a serem conquistados são aqueles que sustentam a nossa evolução como Espíritos eternos que somos, ainda que, para isso, aparentemente tenhamos que “perder” aqui no mundo.”
Muitos vencem no mundo, obtendo poder, glória, fortuna, destaque, fama, prestígio e tanto mais, mas perdem moralmente, pois fazem uso dos mais sórdidos métodos para alcançarem os postos que têm em mira. Não raras vezes, triunfam sobre a dor e o sofrimento do próximo, abrindo as portas para o retorno, contra si mesmos, das consequências que decorrem dos atos nefastos que disseminaram.
No âmbito da irresponsabilidade, alimentam o mal que, indubitavelmente, no futuro, atingirá seus corações. Ganham no mundo físico, mas fracassam espetacularmente nas esferas espirituais. Ostentam troféus e estandartes terrenos, para depois gemerem aflitivamente nas paragens do Espírito.
Atualmente, diante de tantas informações e esclarecimentos, já não se pode negar que somos Espíritos eternos e que a presente existência terrena é apenas uma pequena etapa da nossa longa jornada evolutiva. No entanto, infelizmente, ainda vemos criaturas fazendo uso de seus dias como se fossem os últimos de sua vida total, esforçando-se por extrair deles todo tipo de prazer e satisfação possíveis – ainda que, para isso, tenham que ferir os mais comezinhos princípios da dignidade, da nobreza e da honradez.
Obviamente, é um ledo e terrível engano acreditar que alguns fugidios momentos de suposta felicidade aqui na Terra, conseguidos a qualquer custo, possam contribuir para que alcancemos a perfeição espiritual a que estamos destinados pelas sábias e justas leis de Deus. Não tenhamos qualquer dúvida: a nossa verdadeira e definitiva felicidade nascerá da felicidade que plantarmos nos corações alheios. Foi por isso que Jesus ensinou: “Amai-vos uns aos outros” (João 13, 34).
Sem ilusões, não acreditemos que todas as vitórias obtidas no mundo físico nos assegurem uma boa posição no mundo espiritual, mas, sim, somente aquelas que tiveram como proposta a nossa melhoria interior – aquelas que nos ajudaram no combate ao orgulho e ao egoísmo, que tantos males e prejuízos nos têm causado.
Os tempos são chegados – sim, são chegados – para que tenhamos a mais absoluta convicção de que os valores a serem conquistados são aqueles que sustentam a nossa evolução como Espíritos eternos que somos, mesmo que, para isso, aparentemente, tenhamos que perder aqui no mundo.
Assim, nos preocupemos, a exemplo de Jesus, em vencer o mundo, e não, a qualquer custo, vencer no mundo.
Reflitamos!